A Corrida Sem Fim Pelo “Mais”

A busca por sucesso, riqueza e felicidade parece definir grande parte da vida moderna. Vivemos em uma corrida incessante, sempre acreditando que a grama do vizinho é mais verde, que a verdadeira satisfação está no próximo degrau da escada, na próxima conquista, no próximo milhão. Essa sensação de estar sempre correndo atrás de algo mais, de nunca ser ou ter o suficiente, é uma experiência quase universal.

Mas e se essa busca, baseada em ideias convencionais de sucesso, for justamente a fonte do nosso descontentamento? E se a escada que estamos subindo com tanto esforço estiver apoiada na parede errada?

O mestre espiritual Osho oferece uma perspectiva radicalmente diferente sobre fama, fortuna e ambição. Suas ideias são contraintuitivas, desafiadoras e, para muitos, chocantes. Ele nos convida a questionar os próprios alicerces sobre os quais construímos nossos desejos, revelando que a verdadeira riqueza não está no que acumulamos, mas naquilo que somos capazes de nos tornar quando paramos de correr. 

Prepare-se para explorar seis verdades que podem mudar a forma como você enxerga o sucesso para sempre.

Os 6 Pontos Principais

1. O sucesso externo é uma ilusão que pode custar sua vida

Para Osho, o sucesso medido por fama e fortuna é “apenas ar quente”. Ele não equivale à satisfação interior e, na busca por ele, uma pessoa pode desperdiçar a única vida que possui. A história do escritor Somerset Maugham ilustra esse ponto de forma trágica. Maugham foi um dos homens mais famosos, ricos e bem-sucedidos de sua época. Seu sobrinho, Robin Maugham, o descreveu em sua mansão fabulosa à beira do Mediterrâneo, cercado por onze criados e objetos de arte de valor inestimável.

No entanto, essa riqueza externa escondia uma profunda miséria interior. Aos 91 anos, mundialmente aclamado e ainda aumentando sua fortuna, Maugham confessou em lágrimas:

“Eu fui um fracasso durante toda a minha vida. Gostaria de nunca ter escrito uma única palavra. O que isso me trouxe? Toda a minha vida foi um fracasso e agora é tarde demais para mudar”.

Essa história me arrepia porque revela a grande ilusão da nossa cultura. Maugham alcançou o topo do mundo, mas se sentia vazio. Infelizmente é bem comum ver esse cenário presente nas histórias de grandes nomes, por exemplo: Robin Williams, um dos comediantes mais amados do mundo, que fazia milhões rirem, lutava contra uma depressão profunda por trás dos sorrisos. Kurt Cobain, ícone do rock que vendia milhões de discos, descreveu sua fama como uma “prisão dourada”. Marilyn Monroe, símbolo máximo de sucesso e beleza em Hollywood, confidenciou: “Fama não preenche o vazio que você sente por dentro”.

Até mesmo Steve Jobs, em seus últimos momentos, refletiu sobre como havia sacrificado relacionamentos e momentos simples em nome do império que construiu. A lista é extensa e dolorosa.

O sucesso não pode nos nutrir; ele não possui nutrientes. Segundo Osho, tanto o sucesso quanto a fama são acidentais. A verdadeira riqueza reside na celebração dos pequenos momentos da vida: a capacidade de ser feliz “servindo um chá”, “andando pelo jardim” ou “apenas escutando os pássaros”.

2. A ambição não é uma virtude, mas um veneno

Contrariando o senso comum que celebra a ambição como motor do progresso, Osho a define como um “veneno”. O motivo é simples: a ambição desvia sua energia do ato presente para uma recompensa futura. Se você pinta um quadro motivado pela fama ou pelo dinheiro, sua energia se torna política, não criativa. Você perde a bem-aventurança do momento, o prazer divino de se perder totalmente na sua arte, em troca de uma possibilidade futura que pode ou não se concretizar.

Esta é uma distinção crucial: Osho não é contra o sucesso ou a riqueza em si, mas contra a motivação por eles. Se a fama e a fortuna vierem como um subproduto da sua paixão, desfrute delas. O problema é quando elas se tornam o objetivo principal, pois isso envenena a própria fonte da alegria.

A solução para o veneno da ambição não é suprimi-la, o que seria apenas mais um esforço ambicioso. O caminho é o entendimento. Osho compara esse processo a descascar uma cebola: você investiga a natureza da ambição, camada por camada, até que, no fim, “só resta um vazio na sua mão”. Nesse vazio, a ambição simplesmente desaparece. A chave é a consciência.

3. A verdadeira meta não é ser alguém, mas um “ninguém”

Em uma de suas afirmações mais chocantes, Osho declara que o verdadeiro sucesso é se tornar um “ninguém”. A lógica por trás dessa ideia é um ataque direto ao funcionamento da mente. A mente vive no desejo constante por “mais”, um jogo que nunca pode ser vencido. Se você fracassa em sua busca, fica frustrada. Se tem sucesso, a mente imediatamente deseja mais, e a satisfação nunca chega.

O desejo de ser “alguém” — a presidente, a mais rica, a mais famosa — é uma neurose. É a loucura de querer ser especial. Os árabes contam uma anedota de que, quando Deus cria uma pessoa, sussurra em seu ouvido: “Eu nunca fiz um homem como você ou uma mulher como você — você é simplesmente especial”. E todas chegamos ao mundo acreditando nessa exclusividade, presas na armadilha de provar nosso valor.

“Esta é a minha ideia de ser bem-sucedido: ser um ninguém!”

Ao abandonar a luta para ser alguém, você se torna como as árvores, as nuvens e as estrelas. Elas são simplesmente “comuns” e, por isso, perfeitas e saudáveis. Não há competição, não há neurose, apenas a beleza de existir. Ser comum é ser extraordinário. Quando você aceita ser um ninguém, toda a luta desaparece e você pode finalmente começar a desfrutar da vida como ela é.

4. O “pensamento positivo” é a filosofia da hipocrisia

Enquanto a cultura moderna promove o “pensamento positivo” como uma chave para o sucesso e a felicidade, Osho é “absolutamente contra” essa filosofia. Ele a considera uma forma de hipocrisia, um método superficial que reprime os pensamentos e sentimentos negativos, empurrando-os para o inconsciente. Lá, longe da nossa vista, eles não desaparecem; pelo contrário, tornam-se nove vezes mais poderosos e encontram novas formas de se expressar.

A alternativa proposta por Osho não é ser negativa, mas desenvolver uma “consciência sem escolha”. Uma consciência holística e existencial, que aceita tanto o positivo quanto o negativo como partes da vida. Nessa abordagem, até as lágrimas têm sua própria beleza e canção. Você não força um sorriso para esconder a tristeza; você permite que a tristeza seja vivida, entendida e, assim, transcendida.

5. O dinheiro não é um pecado, mas uma das maiores invenções da humanidade

Diferente de muitas tradições espirituais que condenam a riqueza, Osho tem um profundo respeito pelo dinheiro. Ele o vê como uma das maiores invenções da humanidade, um meio de troca fantástico que tornou a vida imensamente mais simples. Antes do dinheiro, o sistema de troca era extremamente complicado. Se você tinha uma vaca e queria um cavalo, precisava encontrar alguém que quisesse vender um cavalo e, ao mesmo tempo, comprar uma vaca.

O dinheiro tornou o comércio fluido, permitindo que a humanidade se tornasse mais rica e multidimensional. O problema, segundo Osho, não é o dinheiro em si, mas a ambição e a inveja que o cercam. A pobreza fecha portas; a riqueza as abre. Ela pode te dar acesso à arte, à música, à literatura e, mais importante, pode criar o espaço e o tempo necessários para a meditação.

O conselho de Osho é usar o dinheiro como um degrau. Use-o para criar uma vida confortável, livre das preocupações básicas da sobrevivência, e então dedique essa liberdade para buscar as coisas que o dinheiro não pode comprar.

6. Seus desejos são sonhos — entendê-los é a única forma de se libertar

No seu livro Fama, Fortuna e Ambição, Osho faz uma distinção fundamental entre necessidades e desejos. As necessidades são reais e vêm do corpo: comida, água, abrigo. Os desejos, por outro lado, são irreais, são sonhos da mente: fama, poder, status, reconhecimento.

É por isso que os desejos não podem ser satisfeitos: como satisfazer algo que não é real? E também não podem ser suprimidos pelo mesmo motivo. Não estamos falando de sonhos legítimos ou visões de futuro – esses são importantes e nos movem. Estamos falando dos desejos do ego: a necessidade compulsiva de ser reconhecida, de ser amada, de ser vista, de provar seu valor através de status, de ser “melhor” que outras pessoas.

Você não suprime um sonho do ego; quando desenvolve consciência, percebe que era apenas uma ilusão da mente. É como a diferença entre sonhar em ter uma casa na praia porque você ama o mar (necessidade de beleza e tranquilidade) versus querer uma casa na praia para sentir que venceu na vida. No momento em que você reconhece um desejo como sendo do ego – não uma necessidade genuína -, ele perde seu poder sobre você.

A questão não é parar de sonhar, mas discernir: seus sonhos vêm de um lugar de amor e necessidade genuína, ou de uma necessidade de provar algo para o mundo?

Osho oferece uma ferramenta prática para fazer essa distinção: “Sempre faça do corpo o critério. Quando a mente quiser algo, pergunte ao corpo”. O corpo precisa de fama? Ele precisa de uma viagem internacional todo ano? Se o corpo não precisa, é um desejo vão, um sonho da mente.

A liberdade não vem da supressão ou da luta contra os desejos, mas do simples entendimento de sua natureza. Ao reconhecer que o desejo de ser grande é apenas um pensamento flutuando na mente, sem raízes na realidade do seu corpo, ele perde seu poder sobre você. Abandonar os desejos (não as necessidades) é o caminho para uma liberdade cada vez maior.


Desde a trágica vacuidade de uma vida “bem-sucedida” até o veneno da ambição e a alegria libertadora de ser um “ninguém”, as verdades de Osho convergem para um ponto poderoso: a verdadeira riqueza e o contentamento não vêm da busca externa por “mais”, mas de uma profunda aceitação e exploração do nosso ser interior, aqui e agora.

Eu aprendi isso da forma mais crua possível. Quando viralizei no Instagram e ganhei mais de cinquenta mil seguidores, algo em mim despertou – mas não era espiritualidade, era ego. Planejei minha vida nômade na Europa com grandes sonhos: mentorias grandiosas, retiros exclusivos, aproveitar a “onda” do sucesso digital. Por mais que eu fosse uma terapeuta espiritualista, por mais que amasse ajudar pessoas, havia muito do meu trabalho sendo alimentado por desejos do ego.

A Europa me ensinou algo inesperado. Fazendo trabalho voluntário em três fazendas – eu, que nunca havia trabalhado em fazenda -, os três proprietários queriam que eu ficasse. Não porque eu fosse a melhor fazendeira, mas por quem eu era. Eles viam valor no meu ser, não no meu fazer. Enquanto isso, todos os meus planos grandiosos desmoronavam. As mentorias, os retiros, o crescimento meteórico – nada saiu como esperado.

Foi quando voltei para Salto, a cidade onde cresci, que a real transformação aconteceu. Aqui, longe dos holofotes, sem a pressão de ser “alguém”, comecei a entender o que Osho realmente queria dizer. Este ano de 2025 tem sido sobre reconexão com o que realmente importa: SER mais do que FAZER, estar presente, ser comum e valorizar isso como o maior dos sucessos.

O sucesso não é algo a ser alcançado no futuro; é a capacidade de viver o momento presente em sua totalidade, com alegria e consciência. É encontrar paz em ser “apenas” Luisa, na cidade onde cresci, sem precisar provar nada para ninguém.

Isso me deixa com uma reflexão final, uma pergunta que me acompanha todos os dias e que pode continuar a ecoar muito depois de você terminar esta leitura:

“E se a vida que você tem se esforçado tanto para construir for justamente o que a impede de viver a que você já possui?”

Se essa pergunta ecoou em você como ecoou em mim, talvez seja hora de uma conversa honesta sobre o que realmente significa sucesso na sua vida. Ofereço uma sessão gratuita de reconexão para mulheres que estão questionando se a escada que estão subindo está apoiada na parede certa. Vamos conversar?

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